5 lições de negócios para um mundo pós-pandemia, segundo grandes empresas como Google e Via Varejo

5 lições de negócios para um mundo pós-pandemia, segundo grandes empresas como Google e Via Varejo

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As transformações provocadas pela pandemia impactaram os negócios de diferentes formas. Com as pessoas em casa e a migração forçada para o mundo digital, parte das empresas fechou as portas, outra viu seu faturamento despencar, mas muitas também conseguiram transformar a crise em oportunidade. Entre as que sobreviveram, com maior ou menor grau de dificuldade, a saída foi uma só: abraçar a mudança.

E foi em meio a uma ágil adaptação, impulsionada por muita tecnologia, dados e atenção à gestão de pessoas que empresas como Google, Via Varejo (VVAR3), Gol (GOLL4), Nubank e P&G atravessaram 2020, algumas delas inclusive com saldos positivos.

Digitalização – A digitalização foi a palavra do ano em 2020: quem não migrou para o mundo virtual teve muita dificuldade de sustentar o negócio. Sob esse aspecto, o Google nadou de braçada: além de já ser uma empresa com DNA digital, tem dados e o faz o garimpo de informações para outras empresas. Por isso, seu serviço foi demandado em meio ao caos em que o ambiente de negócios enfrentava.

“Durante a pandemia, muitas empresas brasileiras sentiram a necessidade de multiplicar seus esforços para, por meio do digital, continuarem conectadas aos seus clientes. No Google, todos os dias ajudamos empresas, de todos os tamanhos e segmentos, a fazer um melhor uso da internet e de nossas ferramentas para potencializar seus negócios. Por isso, já estávamos preparados para ajudar tanto empresas que ainda não tinham a digitalização na pauta do dia, como companhias que reuniam todas as condições de fazer a virada digital”, explica Fábio Coelho, CEO do Google Brasil em entrevista exclusiva ao InfoMoney.

Coelho destacou o potencial do e-commerce no Brasil, que ainda tem muito espaço para se expandir, e a importância do mercado brasileiro para o Google.

“A internet virou uma ferramenta indispensável para as empresas continuarem conectadas aos seus clientes, além de viabilizar o comércio, a logística e a entrega. O Brasil é um dos maiores mercados do Google, sendo um dos top 5 nos nossos maiores produtos: Busca, Android, Chrome, YouTube, Maps, Play, Fotos, Drive e Gmail. É fundamental que continuemos a contribuir para o desenvolvimento do país e isso passa pela promoção de programas que envolvam acesso à educação, fomento de inovação e crescimento econômico”, afirmou Coelho.

A Via Varejo, por outro lado, teve uma jornada mais conturbada em meio à pandemia. A empresa viu sua receita cair 70% de um mês para o outro entre meados de março e abril do ano passado.

“Do dia para a noite tivemos que nos reinventar e mudar para um formato que não era o nosso forte. […] Para piorar, estávamos em transição. Assumi a empresa em junho de 2019 e tivemos seis meses para iniciar o processo de digitalização – e isso foi crucial. Tivemos que tomar a decisão de fechar 100% das lojas físicas e com isso 20 mil vendedores ficaram em casa. A solução foi promover em uma semana um social selling, ou seja, os clientes tinham o mesmo atendimento da loja, mas na jornada online. Até porque muitos clientes não tinham esse costume. No início do ano passado, a penetração de compras online era de apenas 7%”, explicou Roberto Fulcherberger, diretor-presidente da Via Varejo, durante o Leadership Talks, evento promovido pelo Google, nesta sexta-feira (5).

E os esforços vêm dando certo, segundo Fulcherberger. Atualmente, 54% de todas as transações da Via Varejo são feitas pelos canais digitais. “Hoje, posso afirmar que somos totalmente digitais. Alguns times não voltarão ao escritório. A digitalização também imprimiu um processo de mudança de imagem: passamos de empresa tradicional para uma empresa mais ‘cool ‘. E entendemos isso quando tivemos 50 mil inscritos no processo de trainee que encerramos na última semana. Nossa empresa tem 41 mil funcionários, a procura foi muito grande”, conclui o executivo.

Uso de dados – Como consequência da digitalização, o uso de dados se fez cada vez mais presente entre os negócios no Brasil – e saber como usá-los virou sinônimo de aumento de vendas, engajamento e retenção de clientes.

Juliana Azevedo, presidente da Procter&Gamble (P&G), também participou do evento e ressaltou a importância dos dados para superar a crise. “A análise de dados nos permitiu criar novas soluções, novos produtos, e alterar planos com uma granularidade e precisão que antes não eram possíveis. Em um país em que fazer negócio é complexo e caro não podemos desperdiçar dinheiro”, conta.

Como exemplo de novos produtos que surgiram na pandemia, a partir do uso de dados, ela citou o Ariel 3 em 1, que foi desenvolvido em três meses. “O mesmo produto lava roupa, limpa o chão e superfícies. Todo mundo estava pensando em limpeza e todos querem praticidade. […] Por isso, os dados são uma escolha clara, o banco de informações nos mostra as necessidades e onde estão as vendas”, diz.

Nesse sentido, o Google tem uma vantagem competitiva: muito dos dados são fornecidos pela gigante de buscas. Entre as medidas para atravessar um 2020 tão atípico, Coelho afirma que a empresa utilizou todo seu poderio analítico.

“Nosso papel foi tornar a informação acessível e disponível para todos. Um exemplo foram os painéis com informações dos órgãos oficiais de saúde sobre a Covid-19 na busca. Também apoiamos comunidades, governos, organizações e autoridades, seja para subir aplicativos em nossas plataformas – inclusive para obter o auxílio emergencial – ou com parcerias, acesso a novas tecnologias e treinamentos. Outra medida foi o auxílio na transformação digital das empresas, ajudando nossos clientes por meio da oferta de insights, conselhos estratégicos e ações práticas”, explicou durante a conversa com o InfoMoney.

Gestão de Pessoas – Para a Gol, a situação foi dramática em 2020. Paulo Kakinoff, diretor-presidente da aérea, afirmou que a receita da empresa caiu 95% no início da pandemia. O setor de turismo foi severamente afetado pelo isolamento social e pelas restrições causadas pela pandemia. Em menos de um ano, a pandemia varreu quase um terço das rotas aéreas do mapa. E segundo ele, um pilar vital na retomada – que ainda está acontecendo – foram as pessoas.

“De 130 aeronaves chegamos a ficar operando apenas dez. Mas o aspecto positivo é que sempre vamos lembrar de um período em que as equipes alcançaram metas inimagináveis. Quebramos muitas barreiras e dogmas. Níveis de produtividade nunca atingidos mesmo à distância. Fizemos um exercício durante a pandemia que deu muito certo: os líderes e suas equipes se reuniam para contar como a vida pessoal estava naquele momento. Tivemos um nível gigante de interação. A pandemia não é apenas sobre a vida profissional. Dificilmente seremos os mesmos”, contou o executivo durante o evento do Google.

Cristina Junqueira, sócia e cofundadora do Nubank, também destacou que um dos aprendizados da pandemia foi observar as pessoas e seus entornos de forma mais integrada no dia a dia de trabalho. Com todas as equipes no home office, novos desafios se impuseram.  “A pandemia exigiu muito também da vida pessoal. Pessoas se depararam com perdas, doenças, ansiedade, crianças em casa. Descobrimos que somos muito mais resilientes do que imaginávamos. E isso nos ensinou a olhar as equipes de forma mais holística, muita coisa acontecendo ao mesmo tempo para todos. Então, buscamos cada vez mais nos aproximar das nossas pessoas”, afirmou também durante o Leadership Talks.

Comunicação- Juliana, da P&G, afirmou também que a comunicação objetiva foi crucial para uma empresa do porte da P&G atravessar a crise. “Adotamos uma comunicação enfática e transparente, mesmo em momentos em que as notícias não eram boas. Em parte, por isso as burocracias e hierarquias dentro da empresa diminuíram. As relações melhoraram mesmo com a distância entre cliente e empresa, entre presidentes e diretores. Além da simplificação de como tocar assuntos. Quem sabe vamos perpetuar isso”, afirmou.

Liderança – Do ponto de vista da liderança, Coelho, do Google, ressaltou que durante a pandemia entendeu ainda mais que era preciso ser um facilitador em todos os sentidos e saber ouvir fez parte disso. “É preciso ter a humildade de admitir que você não sabe tudo. E saber ouvir as necessidades dos funcionários, clientes e usuários e pensar: o que podemos fazer diferente? O que eu posso fazer melhor? Um líder deve criar um ambiente de confiança, estabilidade, compaixão e esperança”, complementou ao InfoMoney.

Informações: InfoMoney