Varejo abre 2.300 lojas adaptadas à nova realidade de consumo do país

Varejo abre 2.300 lojas adaptadas à nova realidade de consumo do país

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As maiores redes de varejo  do país projetam abrir 2.300 novas lojas em 2018, a maior parte adaptada à nova realidade dos brasileiros. Serão pontos de vendas menores, ancoradas em sistema de gestão com custos inferiores aos tradicionais, e que comercializam produtos mais em conta.

De acordo com especialistas, essa nova fase de expansão é generalizada em todos os setores do varejo.

Um dos destaques está no varejo alimentar. Desde o início da crise, o modelo de loja que mais cresce é o chamado atacarejo, mistura de atacado com varejo, cuja estrutura de baixo custo permite a venda de produtos mais baratos.

O Atacadão, do Grupo Carrefour, por exemplo, ganhará mais 20 endereços neste ano, o dobro do que a rede costumava abrir por ano desde a compra da marca, em 2007. Entre as novas unidades, cinco são conversões de hipermercados adaptados ao formato.

“No Atacadão o nome do jogo é volume e vendemos bem tanto para pessoas físicas quanto para vendedores autônomos e donos de supermercados menores”, afirma Sébastien Durchon, diretor executivo de finanças do grupo Carrefour Brasil.

Além dessas unidades, serão abertas outras 20 lojas menores Carrefour Express e outras 10 de um novo modelo, chamado Market, maior que um comércio de bairro, menor que uma grande loja. Nenhum hipermercado ou supermercado, que tem estrutura de custo mais elevada, está previsto para ser inaugurado neste ano.

Ao todo, o investimento da rede em expansão será de R$ 1,8 bilhão, mesmo valor desembolsado em 2017 para a melhoria das grandes lojas do Carrefour, processo ainda em curso.

“Nos últimos três anos revitalizamos as unidades que estavam depreciadas, trocamos ar-condicionado, aumentamos espaços de peixaria e padaria e melhoramos o layout para que pudéssemos expandir a rede neste ano”, afirma Durchon.

NOVAS MARCAS

O empresário Junior Durski, dono dos restaurantes Madero, também está investindo em novas frentes de negócios. Parte dos R$ 95 milhões previstos para inaugurações no ano será direcionada para três novas marcas da rede — hamburgueria Dundee, a lanchonete Sanduicheria do Junior Durski e a Vó Maria Durski, que terá apenas filé à parmegiana no cardápio.

Menores e menos custosos, todos os pontos foram criados para atrair consumidores de praças de alimentação de shoppings. O faturamento virá, espera Durski, do volume maior de clientes.

“Se o filé à parmegiana do Madero custa R$ 39, no Vó Maria Durski o preço do prato com acompanhamento será R$ 17”, afirma.

Para os lançamentos, a rede prevê a abertura de 9 pontos comerciais, além dos 29 novos restaurantes Madero e das 12 hamburguerias Jerônimo, marca lançada no final do ano passado.

Os lançamentos foram pensados no contexto da crise, conta o empresário. Segundo ele, está mais fácil contratar profissionais e negociar pontos comerciais em shopping atualmente do que nos anos que antecederam a recessão.

“Há quatro anos, o custo de ocupação de um ponto em shopping representava 10% do faturamento da loja. Essa fatia caiu para 4%”, diz.

O dinheiro para a expansão da rede veio do esforço em cortar custos nos três últimos anos. Do pão à sobremesa, o grupo fabrica tudo que serve nos restaurantes. “Nossa taxa de desperdício de alimentos neste processo caiu de 11% para 0,6% desde 2015”, diz Durski.

Pesaram também na decisão mudanças no perfil dos consumidores e também dos eventuais investidores nesse setor de alimentação. “As pessoas voltaram a comer fora e a investirem em negócios próprios, o que explica o otimismo das redes de fastfood em abrir restaurantes e a expansão de franquias”, diz Alberto Serrentino, da consultoria de varejo Varese.

A rede de franquias de óculos Chilli Beans também aproveitou o momento para investir em lojas menores e mais baratas. Com elas, a intenção é atender cidades de até 150 mil habitantes, locais com alto potencial de consumo, segundo a empresa.

Boa parte das 80 inaugurações previstas para o ano é desse formato, que custa para o franqueado inicialmente R$ 160 mil contra os R$ 220 mil necessários para abrir um ponto convencional da marca.

Outra maneira encontrada para aumentar a presença da marca no país sem grandes investimentos foi começar a vender os óculos de grau em óticas multimarcas espalhadas pelo país.

Fonte: Folha de São Paulo