Em outubro, a pandemia de covid-19 e as medidas de isolamento social adotadas para impedir a disseminação do vírus impactaram a receita de 9,7% do total de empresas que prestaram informações à Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Entre as empresas que deram alguma justificativa para a queda da receita em outubro, apenas 2,4% citaram o coronavírus como principal causa. Esse número vem diminuindo mês a mês, observou Cristiano Santos, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
“Mais de 80% das empresas relataram variação positiva nas vendas em outubro. Antes as variações positivas estavam muito concentradas nas vendas das grandes empresas. As pequenas empresas agora começaram a ter variação positiva mais distribuída”, ressaltou Santos.
O pesquisador lembra que o varejo vem batendo níveis recordes de vendas há três meses seguidos. “O crédito para pessoas físicas teve expansão nos últimos meses. Estamos com a taxa de juros no piso histórico, então isso é o que de certa forma rebate na PMC. Essa expansão do crédito é um dos principais fatores. A questão do auxílio emergencial também aparece, mas com menos intensidade. Ainda é uma influência positiva”, afirmou Santos.
A perda de potência do auxílio emergencial está relacionada à redução do valor de R$ 600 para R$ 300 a partir de setembro. “O crédito compensou a redução do auxílio em outubro. Certamente nos meses anteriores o auxílio tinha um peso maior (no aumento das vendas)”, disse Santos.
No entanto, a renda extra ainda aumenta o poder de compra das famílias. Segundo Santos, dados da Pnad Covid, também do IBGE, mostram que cerca de 30% dos domicílios brasileiros receberam em outubro metade do valor do auxílio que receberam em setembro, mas o rendimento médio efetivo ainda ficou 3% acima do rendimento médio habitual.
Para ele, o que impediu uma alta maior no volume de vendas do comércio varejista foi a inflação de alimentos, que prejudica o desempenho dos supermercados. A atividade de supermercados teve uma elevação de 2,7% na receita nominal de vendas em outubro ante setembro. Quando descontada a inflação de alimentos, o volume vendido subiu apenas 0,6%.
O pesquisador do IBGE lembrou ainda que o cenário de volume recorde de vendas não alcança todas as atividades investigadas. Há um desequilíbrio no ritmo de recuperação desde o baque provocado pela pandemia de covid-19. “Esse crescimento se dá em termos desiguais. É um momento muito favorável na média do varejo e muito favorável para algumas atividades, mas não é favorável para outras atividades”, ponderou Cristiano Santos.
Fonte: Diário do Comércio